Saúdo cada um dos presentes nesta
cerimónia, e, em especial, os veteranos de guerra, a
quem manifesto o meu sentido apreço e a quem o nosso
País tanto deve.
Festejar este dia é uma oportunidade para
revisitar o passado, feito de valorosos atos de bravura
e coragem, um passado que não deve ser esquecido, pelo
exemplo e pela inspiração que encerra.
É também um dia de reencontro de
gerações, unidas pelos mesmos valores e princípios,
forjados em códigos de conduta e de honra comuns,
presentes desde a fundação das Tropas Comando.
Aos militares, que estiveram na sua
origem e integraram as primeiras forças, foram exigidos
graus de resistência física e mental singularmente
elevados, para fazer face à natureza e aos requisitos do
ambiente operacional com que então éramos confrontados
em África.
Durante 12 anos, nove mil homens,
integrando várias unidades deste corpo de elite, tiveram
um desempenho notável nos teatros de operações de
Angola, Moçambique e Guiné, fazendo do militar “Comando”
um soldado de exceção, exemplo maior de valor militar,
valentia em combate, coragem, sangue-frio e serena
energia debaixo de fogo.
O espírito de disciplina, o sentido de
responsabilidade e o elevado patriotismo, demonstrados
em África, ficaram novamente patentes quando foram
chamados a atuar em defesa da legitimidade democrática,
assumindo um papel preponderante na preservação e na
consolidação da liberdade reconquistada no dia 25 de
abril de 1974.
É, pois, com um sentimento de viva
gratidão que hoje evocamos a memória de todos os
“Comandos” que tombaram no campo da honra e deram a sua
vida pela Pátria, a quem prestámos sentida homenagem,
segundo o cerimonial castrense e os preceitos inscritos
no ritual “Comando”.
Ao vencerem quando poucos acreditavam, ao
conquistarem quando muitos se opunham, ao avançarem
quando outros vacilaram, os seus nomes ficaram
indelevelmente gravados nos monumentos que os
homenageiam e no coração dos que com eles privaram. É um
momento de pesar, mas também de profunda admiração pela
forma como honraram os seus camaradas de armas e a
Pátria Portuguesa.
Manter viva a sua memória, manter fortes
os laços e os valores que a todos unem, encontra eco nos
princípios que regem a Associação de Comandos, a quem
quero manifestar o meu reconhecimento, pela ação
altamente meritória desenvolvida na preservação de um
património histórico e moral inestimável, no
fortalecimento da camaradagem de armas que vos acompanha
ao longo da vida e, em particular, no apoio solidário
aos associados mais carenciados e suas famílias.
Hoje, a atuação dos “Comandos”
desenvolve-se num contexto diferente, mas a
determinação, o profissionalismo e a preparação dos
militares mantém-se a mesma, quer nas missões que
desempenham nas Forças Nacionais Destacadas, de que é
exemplo a atuação no Afeganistão, merecedora de rasgados
elogios, quer nas ações de Cooperação Técnico-Militar
que desenvolvem com os países de expressão portuguesa.
É justo evidenciar o papel insubstituível
do Centro de Tropas Comandos, herdeiro e guardião das
nobres tradições das unidades de Comandos, e que assenta
na competência e na motivação dos seus quadros.
Os elevados padrões de desempenho que
esta tropa de elite tem mantido só são possíveis se lhe
estiverem associados um rigoroso treino e uma identidade
própria, alicerçados numa disciplina e em códigos de
conduta fortes.
Apesar dos avanços tecnológicos e da
elevada sofisticação dos equipamentos, a chave do
sucesso continua a residir no militar, na sua
preparação, na sua força moral, na sua capacidade de
interpretar e de decidir.
É com esta certeza, que me dirijo aos
jovens militares que terminaram o centésimo décimo nono
Curso de Comandos, felicitando-os por terem
ultrapassado, com êxito e certamente com sacrifício, os
desafios e as provações a que foram submetidos.
Militares “Comando”,
A vossa história está repleta de
valorosos exemplos de bravura e coragem, bem expressos
nos anais dos vossos 50 anos de existência e nas mais
altas condecorações que militares e unidades “Comando”
ostentam, com orgulho e distinção.
Os jovens que então assumiram a árdua
tarefa de iniciar esta força especial foram sujeitos a
condições únicas de grande adversidade, que colocaram à
prova as suas convicções, os seus medos e os seus
instintos. Foram capazes de as vencer, com determinação
e heroísmo, conseguindo feitos extraordinários.
Lições de vida, que devem servir de
exemplo e inspiração para todos nós.
Agradeço, de novo, a vossa presença.
Agradeço, em nome de Portugal e dos Portugueses, tudo
aquilo que cada um de vós, com esforço e incondicional
dedicação, fez pelo nosso País.
Encorajo os mais jovens a estarem à
altura dos valores e tradições daqueles que vos
precederam, a honrar a memória dos que se eternizaram
pelos seus feitos, continuando a ser a voz do Comando,
bem alto gritando: “MAMA SUMAE AQUI ESTAMOS”.
Tirado do Portal UTW dos Veteranos da Guerra do Ultramar, com a devida vénia